Este texto é destinado aos concluintes ou recém-concluintes de curso de graduação. Quem chegou a este estágio sabe (ou pelo menos deveria saber) que todo o esforço despendido no decorrer do curso não é nada comparado ao que virá pela frente.
O primeiro grande embate é escolher o tema. Pode ser que haja vários ou nenhum. No meu caso, resolvi tratar de um assunto que me instigava mesmo antes de me tornar acadêmico, e quando a licenciatura era por mim considerada como algo descabível às minhas ambições. O tal tema era voltado ao registro ou análise (não cheguei a delimitá-lo) das narrativas orais e provérbios populares, ou os “causos” amazônicos e sua relação com as tradições orais que povoam a humanidade, como a origem do sol, narrada pelo povo esquimó e pelo povo tupinambá.
Pois bem. Decidido o tema, vamos à escolha do orientador. Passeando pelos corredores “federais”, eis que me deparo com a oferta de um mini-curso (o novo acordo ortográfico determina que o hífen permanece ou cai nesse caso?; enfim, na dúvida, tudo é permitido – que não me ouçam os gramatiqueiros) de um professor doutor na área e do qual já havia sido aluno. “Está tudo encaminhado!”, inocentemente pensei. Pobre concluinte indefeso... Me inscrevi e no último do curso dia fui ao professor. “Bem, professor, esse mini-curso serviu bastante pra clarear minhas ideias e agora decidi que farei meu TCC nessa área”. “Ah, que bom!”, ouvi como resposta. “Já tenho um orientador!”. Ledo engano. Alguns dias depois, ao formalizar a proposta, ouvi um “preciso sentar e avaliar a proposta”, traduzindo: “JÁ ERA. PARTE PRA OUTRA, QUE COMIGO NÃO TENS VEZ. PRÓXIMO! DIGO, PRÓXIMA!” – se é que vocês me entendem...
Vencida esta etapa (ou perdida?), hora de mudar de tema e orientador. “Vejamos: do que gosto, o que mais me foi agradável durante o curso, o que mais tive facilidade pra aprender e pretendo aplicar em minha vida profissional? “Claro, ensino-aprendizagem! Opa, mas eu não tenho o melhor dos relacionamentos com a pessoa que mais saca (pelo menos eu acho) dessa área. É, mas não tem jeito. ‘Se não tem tu, vai tu mesmo’”. Postas as diferenças de lado, vamos à luta.
“A fulana de tal vai se afastar pro doutorado”. “Sério? Não sei se é pra rir ou para chorar. Ela era minha provável orientadora. E agora, José?” Chegamos ao terceiro páreo dessa corrida.
O tema permanece, só muda o orientador. Mas quem? Claro, como não, aquele cara gente fina que também já foi meu professor. “Professor, o senhor pode me orientar?”. “Claro. Me envia o esboço do trabalho pra gente iniciar as instruções”. Perfeito!
Ai, ai, ai... O que são o engano, a falta de tempo e o remorso? Por que não escolheste a professora substituta que manda muito na área? Porque sequer sem quem é. Agora é tarde, filho. Segue em disparada, segura na mão de Deus e vai.
Parece brincadeira, mas foi mais ou menos isto que ouvi do meu “orientador”. Pra ser mais preciso, vai na íntegra: “É, Diego. Seja o que Deus quiser!”, recebi essa rajada um dia após a entrega do meu TCC, durante uma “orientação?”. Isso porque ao longo de sua elaboração foram tantas viagens, “não posso hoje”, prova de doutorado, feriados, “não tive tempo de ler”, doenças, “vai fazendo, que depois te digo se tá bom”, “esses livros não posso te emprestar, porque tenho que levá-los pros meus orientandos do interior”. “E eu, professor, vou ficar rodado?”. “Continua lendo o que estás lendo”. “Mas o senhor nem sabe o que é!!!!!!!!!” “Ah, Diego, não complica!”
“Entre mortos e feridos, salvaram-se todos”, pena que nem sempre os ditados são cumpridos ao pé da letra. Uma aventureira [(des)orienta(n)dos desse professor, éramos seis – não o livro que deu origem à novela – corajosos desbravadores, e por que não, autodidatas, ao todo] precisou abandonar “o bonde andando”. E dela ouvi: “Vocês são muito corajosos”. “É, realmente, mas é porque se tornou uma questão de honra”, respondi heroicamente.
“No final dá tudo certo”, “O que é do homem, o bicho não come”, olha só, o meu antigo corpus de pesquisa, agora me serve como conforto. Nunca esquecerei: “Seja o que Deus quiser!”. Que bom que Ele é Pai, e não padrasto e quis BOM.
Como em toda boa fábula, moral da história: CONFIAR EM DEUS NUNCA É DEMAIS.
PS: Por onde anda minha medalha de honra ao mérito por combate em guerra e retorno (quase) ileso – disse Drummond: “De tudo, fica um pouco” – à pátria? Ah, claro, me desculpem, será entregue no dia da formatura. Combati o bom combate.
Deus me livre do teu orientador! ¬¬
ResponderExcluirDih...vou acompanhar teu blog, acompanha o meu...
ResponderExcluiro meu tcc é sobre análise do discurso político, vou analisar o debate da rba dos candidatos a prefeito ..e a, quem me sugeres para orientador...ainda n falei cm nenhum..to perdida..e como diz seu ilustre orientador: "SEja o que Desus quiser..."...afeeeeeeeeeeee
Kkkkkkk
ResponderExcluirAgora dá até pra rir, né Dí???
Caracaaa!!!
Sei bem de todos aqueles de quem falas aí... quer saber??? Acho que tudo o que DEUS faz tem um propósito... e o importante é que conseguiste!!!
Beijão!!!
Estarei sempre torcendo por ti!!!
Fabi.
Ai, ai Diego, seu texto se espremer vai sair só ironia. Muito bom mesmo! Mais coerente impossível. Vc conseguiu dar nomes aos bois sem citá-los.
ResponderExcluirO que fica mesmo dessa experiência é que Deus sempre nos ajuda, mesmo sendo muitas vezes "infiéis" como disse nossa amiga Laura no orkut dela: "Deus é fiel até mesmo com os mais infiéis". Os desencontros do TCC p mim contribuiram acima de tudo p renovar minha fé.
TCC é conquista e superação, sinta-se, portanto, vitorioso, e esqça dos contras.